.....Aos poucos a geração do boom da literatura hispano-americana no mundo europeu e norte-americano (veja-se a influência de um Borges num Paul Auster) vai esmaecendo não somente com a morte dos seus protagonistas, mas também em razão de seus principais autores não terem mais a grandeza das criações iniciais.
Percebe-se também o qual geniais foram as produções dos anos sessenta e setenta do século XX, a ponto de não mais se repetirem livros como Rayuela, de Cortázar ou mesmo o Três tristes tigres, de Cabrera Infante.
O mundo literário, como um todo, na pós-modernidade, atenuou as aventuras experimentais desses autores instigantes que, herdeiros de Faulkner e Joyce, deram contribuição fundamental ao romance universal.
Morre com Cabrera Infante um pouco de uma era exuberante e de uma literatura que conseguia conjugar qualidade e experimentação literária sem perder de vista o grande público leitor.
Três tristes tigres ficará na literatura cubana junto com Paradiso, de Lezama Lima e de El siglo de las luces, de Alejo Carpentier, do mesmo modo que permanecerá entre os grandes romances do século passado. Nada tão novo ou provocativo foi feito depois desses monstros sagrados da literatura hispano-americana.
A literatura tem se tornado uma repetição de fórmulas, atualizando os temas, mas sem a vocação para alçar vôos mais audaciosos. Morre com Cabrera Infante uma época. Morre com Cabrera Infante o melhor humor literário (como bom herdeiro de Sterne, Cabrera adorava Machado de Assis). Morre com Cabrera Infante sua contraditória melancolia e vida sombria: Bella Josef, que o encontrou várias vezes em Londres, relata a surpresa de visitar um autor tão sombrio, diferente dos personagens bem-humorados e tropicais do seu livro mais engraçado: Três tristes tigres.
Morre com Cabrera Infante o último grande romancista cubano....
Por Ronaldo Costa Fernandes
Poeta, narrador e ensaísta
2 comentários:
Concentrate to the things that could give information to the people.
True.
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