03 julho 2008

Vou começar por Cabrera Infante


Há tempos ando com vontade de pesquisar e escrever sobre Cuba, mais precisamente depois que assisti o documentário Buena Vista Social Clube.
Dia desses assisti o filme A Cidade Perdida, que levou 16 anos até ser concluído, dirigido por Andy Garcia, rodado em 35 dias.
O romance, com pano de fundo dramático pela situação da ilha, que desmascara a maior ditadura das Américas, foi um incentivo a iniciar pesquisas sobre Cuba, e que durante um bom tempo me dedicarei a postar sobre o assunto.
Quero começar essa série de posts falando sobre o roteirista do filme A Cidade Perdida e escritor do famosos livro Três Tristes Tigres: Guilhermo Cabrera Infante.
A barbicha que ornamentava o queixo do mais famoso exilado cubano dá a ele um certo ar de Leon Trotsky.
Cabrera Infante exerce uma fina ironia na hora de atacar os seus três grandes desafetos: Fidel Castro, Fidel Castro, Fidel Castro - uma reconhecida obsessão.
Pai de duas filhas, autor de livros como ''Tres Tristes Tigres'',''La Habana para un Infante Difunto'' e ''Mea Cuba'', Cabrera Infante chegou a dirigir o conselho de cultura da recém-instalada revolução cubana ,no início dos anos 60, mas escolheu o caminho do exílio ao desconfiar da vocação tirânica do comandante Fidel.
Viveu na Inglaterra desde 1966, num apartamento térreo em Gloucester Road, bateu forte em Gabriel Garcia Marques, revelou o que ouviu de Fidel Castro durante um sobrevôo na floresta amazônica e confessou que a política é a maior inimiga da literatura.
Cabrera morreu aos 75 anos, no mesmo ano em que completaria 40 anos de exílio em Londres. Amava literatura, cinema, charutos e, sobretudo, Cuba. Se a futura morte de Fidel simbolizará o fim da Cuba revolucionária o adeus a Cabrera Infante pareceu enterrar o que de melhor restava da cultura da Cuba pré-Castro.
"Em abril de 59, fomos a Washington, Nova Iorque, Montreal e ao Brasil, antes de seguirmos para Montevideu e Buenos Aires. A intimidade de estar num avião para apenas vinte pessoas em companhia de Fidel Castro durante tantos dias me convenceu de que aquele indivíduo era um horror. Eu estava sentado no banco logo atrás de Fidel Castro. Ele ficou olhando a floresta amazônica não sei por quanto tempo. De repente, disse: ''Que grande país. Aqui é que deveríamos ter feito a nossa Revolução !!''
Neste momento, entendi que Cuba era pequena para ele. Fidel se achava um lider tão grande que necessitava de um continente, não de uma ilha.. Hoje, se encontrasse com Fidel Castro num saguão de aeroporto, eu só diria uma frase: ''Você não acha que já chega ?''
Cabrera Infante (1997)



Um comentário:

Anônimo disse...

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