24 setembro 2008

Como gato e rato

Existem circunstâncias em nossa vida que se assemelham ao que ocorre entre gato e rato e vice-versa. Por exemplo, vc tem um carro popular e passa ao seu lado um outro modelo luxuoso, causando uma sensação de posição inferior. Mais adiante, ao cruzar com uma bicicleta, vc passa para o lado inverso: sente-se um felino perante o mais fraco, e assim sucessivamente.

Esta situação incide em todos os setores da nossa sociedade. As comparações são responsáveis pela divisão entre as pessoas que, muitas vezes, poderiam ter uma convivência mais harmoniosa, mas que, por motivos de posses, postos ou cargos diferentes, se repudiam por causa das aparências. Para se acabar com a rivalidade decorrente dos desníveis da sociedade, só existe uma saída: aumentar nossa compreensão sobre o princípio da concordância de tudo que vive.

A Vida é unidade na diversidade e diversidade na unidade. Nada pode ser subtraído, e nada acrescentado a ela... As infinitas formas de existência estão intimamente ligadas. Assim, tudo o que vive é Uno em essência e Único na diversidade...
A Vida é dinâmica, nela não existem vazios, tampouco repetições. Como também inexiste superioridade ou inferioridade. Os contrastes e desníveis geram a harmonia entre os diferentes. Caso contrário, a existência seria uma triste e enfadonha monotonia.


A falta de uma reflexão mais profunda sobre nós mesmos cria equívocos sobre o valor de cada um, dando margem para a ilusão instituir-se em muitos, originando o mais/menos, o superior/inferior, o ‘gato/rato’.
Temendo a inferioridade, corremos em busca de algo que nos torne superiores, dando-nos a sensação de felinos convivendo com frágeis roedores...

Ilusões à parte, o autoconhecimento evidencia que o valor de cada criatura, ao nascer, está intrínseco, como um tesouro a ser lapidado. O desconhecimento sobre si mesmo, somado à baixa auto-estima, dá margem ao complexo de inferioridade, desencadeando um comportamento de rato/gato...
Sempre haverá alguém com mais posses do que nós, como sempre haverá alguém com menos. Diante de um cão feroz, o gato vira um frágil felino, e assim por diante...
A saída para a síndrome do mais/menos, do grande/pequeno, está na libertação dos condicionamentos criados pela mente coletiva: fazer cessar as comparações, auto-aceitar-nos como realmente somos. Quando estamos bem, ficamos satisfeitos com o que temos, apesar de sabermos que existem posições superiores à nossa.

Precisamos livrar-nos da mania de grandeza, pois ela não passa de uma ilusão da sociedade moderna, que vive o deslumbramento do consumismo para galgar status, que, após ser conquistado, frustra as expectativas de ascensão.
O entendimento harmonioso entre os diferentes faz que gato e rato coexistam pacificamente, conscientes da condição de elos dentro da grande cadeia da vida.

Nenhum comentário: