Eu pergunto: como esvaziar o que já está vazio? Na minha busca por isso achei uma história Zen muito interessante.
Certo dia um jovem aspirante pediu ao Mestre Zen que aquietasse sua mente.
O Mestre disse:— Traga sua mente aqui, entregue-a a mim e eu a aquietarei.
O jovem saiu procurando pela mente. Onde estaria? Seria pensamentos, memórias? Seria silêncios e quietude? Seria sonhos e pesadelos? Seria feita de palavras, conceitos? Seria apenas a massa encefálica, a matéria? O jovem pensava e não pensava. Cada vez que acreditava ter apanhado a mente, percebia que ela fugia, que já estava em outro pensamento, em outra idéia. Que o próprio conceito se desfazia.
Cansado, voltou a procurar o Mestre e disse:— Senhor, é impossível apanhar a mente.
O Mestre disse com alegria: — Pois então, já está aquietada.
O jovem se reverenciou em profunda gratidão, pois pela primeira vez compreendia, que a mente não é algo fixo e constante, mas flui com o fluir da vida, sem que possa jamais se fixar quer em inquietude ou em silêncio, quer em alegria ou tisteza, quer em iluminação ou desilusão.
Retornar à verdade e ao caminho é retornar à vida. Assim falamos em renascer. Deixar morrer idéias abstratas e fantasiosas sobre estar separado do tudo e dos outros e perceber a sabedoria suprema presente em todos os seres. Basta perceber que nada é fixo, nada permanente – isto é o vazio. A mente vazia é aberta e flexível. Chora e ri. Pensa e não pensa. Não precisa ser esvaziada – já é vazia. Sendo vazia é clara e iluminada, em constante atividade e transformação. Apenas precisamos escolher com o que alimentá-la.
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