05 junho 2011

Crônica do Xico Sá na Folha.com de ontem...Imperdível!!! E é sim rapazes, isso que queremos!


Lenhador selvagem, sem perder a fofura jamais
Xico Sá

Sexta-feira aqui é dia de modos de macho & modinhas de fêmea. Educação sentimental, etiqueta sexual, amorosa etc etc.
Levanta-te e anda, meu rapaz, chega de comodismo e vamos tentar decifrar os enigmas das moças. É chegada a hora.
Estamos a 20 mil léguas submarinas de saber pelo menos dez por cento do universo delas.
Mas se oriente rapaz, essa de ficar a vida toda amparado na moleta freudiana -ninguém sabe o que quer uma mulher- é comodismo de Macunaemo, como denominamos esses moços, porbres moços, que têm a preguiça de Macunaíma e o chororô de um emo.
Sabemos sim um pouquinho do que querem as mulheres. E com algum esforço podemos aprender, como em um supletivo amoroso, muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda. Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade. Só por esta causa já valeria a pena a existência. O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica pergunta, remixada outro dia por uma boa série televisiva.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos -e vontades avulsas- e antecipem essas realizações. Isso é o mais importante de tudo, meu jovem.
Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não agüentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho, ora bolas.
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores. Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres fofura, rock'n’roll...
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem que acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
Mais óbvio ainda: as mulheres não toleram que viremos de lado e já nos braços de Morpheu depois da saudável prática da conjunção carnal. As mulheres querem carinho e entusiasmo, embora saibam que o único animal que canta e se anima depois do gozo é o galo, esse tarado pernalta incorrigível, incomparável.
As mulheres querem... massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem... molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem... flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os feios, sujos e lascados não teriam nenhuma, nunca, jamé. Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do miserável. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção, amigo.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma jóia da Tiffany´s –vide “Bonequinha de Luxo”, o filme.
A lista continua... ao infinitum. Deixe também sua colaboração para o nosso breviário de entendimento das mulheres. Ajude o cronista a desvendar os lindos mistérios da cria das nossas costelas.
Afinal de contas, para que diabos estamos purgando sobre a terra?

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