....Brilho eterno de uma mente sem lembranças é um dos melhores filme que já vi na minha atual situação!
Tanto Closer como Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças mostram os relacionamentos como eles realmente são.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças do diretor Michel Gondry e do roteirista Charlie Kaufman, se diferencia por ser um filme de sensações. Um filme que foge da linguagem convencional e nos mostra através de uma abordagem de sonhos, as dificuldades de um relacionamento amoroso.
Um relacionamento que nos fez ou faz sofrer é uma dor insuportável e que foge de nosso controle. E se para deixarmos de sofrer com um relacionamento passado pudéssemos apagar alguém de nossa memória? Se pudéssemos apagar todos os momentos vividos com ela? Não seria muito mais fácil? Não haveria choro nem ranger de dentes, não haveria insônia nem depressão.
Os momentos bons também seriam apagados, mas em compensação não haveria mais traição, ofensas, falta de respeito e você voltaria a ser como antes de conhecer aquela pessoa.
Brilho eterno parte dessa idéia tola, mas que nos mostra como somos fracos diante do amor. Um amor verdadeiro está distante do que convencionamos no amor idealizado. Um amor real após a fase de deslumbramento criada pela paixão, tem que superar obstáculos que são gerados pela diferença de vivências, criação e experiências que essas duas pessoas carregam.
Quando a expectativa do amor ideal não é cumprida, inicia-se um ciclo de sofrimento criado por atritos e brigas que muitas vezes culminam no distanciamento, físico ou espiritual.
Ao se deparar com os defeitos do outro, muitas vezes vemos nossos próprios defeitos, daí precisamos fugir porque a imagem refletida no espelho não nos agrada.
Precisamos romper, precisamos ´´deletar“ aquela pessoa de nossa vida.
A trilha sonora, especialmente a música do Beck ´´Everybody´s gotta learn sometimes´´ e o poema do inglês Alexander Pope, homônimo ao título do filme, nos desorientam e provocam sensações muito parecidas como quando estamos apaixonados ou sofrendo por amor. Desconstruir uma casa, uma cama que de repente foi parar na areia, e a volta aos traumas de infância nos fazem sentir o filme de uma tal forma que não sabemos mais se estamos sonhando ou acordados, se estamos assistindo um filme sobre nossa própria vida inconsciente e de repente viramos os personagens da tela.
O mito da alma gêmea é repaginado no filme quando Joel e Clementine se reencontram, mas ao invés de viverem uma experiência ´´reencarnatória“ isso logo depois, na mesma vida mesmo, guiados pelo brilho que eles perseguiam intutivamente. A partir daí eles entendem um ao outro como mágica e percebem o erro que cometeram.
Fiquei pensando que no fundo, mesmo sem saber ou admitir estamos em busca de nossa Clementine, de nosso Joel, mas porque será que no fundo todos nós queremos a mesma coisa? Porque todos queremos encontrar aquela pessoa que nos completa?
Não sei responder, mas é uma eterna busca.
O filme nos ensina que fugir do sofrimento é bobagem, devemos encarar nossos próprios medos e fraquezas e acreditar que é possível viver o que mais tememos.
Acreditar numa paixão que desafia a lógica, fazer aquela viagem impossível ou mesmo buscar em seu próprio relacionamento a paixão que se tinha no início. Buscar algo próximo do ideal a partir do real e não o inverso, encarando todos os desafios necessários para se chegar até este território de sonhos.
Mesmo sabendo que vamos nos machucar novamente, após cada recuperação procuramos uma outra lâmpada para rodear, pois mesmo batendo a cabeça de vez em quando podemos sentir o calor que o amor nos proporciona, seja ele uma ilusão ou não.
Afinal o que são alguns machucados perto de alguns minutos, alguns instantes de amor? Sim, é isso o que queremos.
Brilho eterno nos faz sentir essas sensações que não são catalogadas. É um filme que toca naquilo que não se vê, naquilo que não se toca. Vai até o fundo e mais dois níveis além. Brilho eterno mais do que ser compreendido e assistido, precisa ser sentido. Assim como o maior de todos os sentimentos humanos.
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