Autor do filme As Coisas Simples da Vida, Edward Yang pode ser pouco conhecido do público brasileiro, mas é considerado um nome fundamental da nouvelle vague de Taiwan.
Embora seja difícil reduzir um filme como As Coisas Simples da Vida a um só tema - Yang fala praticamente de tudo: medo da morte, crise do casamento, a descoberta do mundo por uma criança, solidão, angústia, desejo, ternura -, o que mais surpreende nesse filme belo e rigoroso é a serenidade, mais do que resignação, com que o protagonista descobre que não existe segunda chance, que é impossível refazer sua vida.
Seu filme trata de dramas familiares para fazer o inventário da sociedade taiwanesa. Todo o relato se articula em torno do personagem N.J., interpretado por Wu Nianzhen, ele próprio roteirista de diretor de expressão em Taiwan. N.J. precisa viajar ao Japão. Reencontra um amor de juventude. Só isso já bastaria para fazer o protagonista fazer o inventário de sua vida, mas o drama da sogra, que está em coma no hospital e que se reflete nos demais personagens em cena - o próprio N.J., sua mulher, a filha, o namorado da filha, a sogra e o filho mais jovem, Yang-Yang, que termina encerrando o sentido do filme, com seu belíssimo discurso final.
É como se N.J. e Yang-Yang fossem representações do mesmo homem em diferentes etapas de sua vida. Os diversos fios da narrativa articulam-se num relato que mescla humor e drama em combinações tão harmônicas que podem ser comparadas à da música. E, apesar de todas as peripécias do elenco, é outro filme em que a viagem é fundamentalmente interior, no rumo de uma consciência do ser (e do estar) no mundo.
É maravilhoso.
Um comentário:
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