Escrevi ano passado aqui sobre Tolstói e recebi esse comentário essa semana da Regina Rousseau, escritora, poetisa e pedagoga, que merece a postagem! Uma honra pra mim!
A cartilha de Tolstói
Para ele, o povo simples das aldeias russas sabia, melhor do que ninguém contar histórias.
Liev, um nobre conde, acreditava que o critério da pedagogia concentrava- se na liberdade.
E utilizando várias concepções
rousseaunianas, funda uma escola em suas terras para os filhos dos colonos.
Mais tarde desenvolve uma nova maneira de ensinar, baseada em suas próprias experiências: Para ensinar sobre a natureza ele leva seus alunos ao campo.
Algumas vezes, à noite, aponta-lhes os nomes das constelações.
Seus alunos não levam lições para casa, podiam sentar-se
em qualquer da sala de aula e escolher o assunto que queriam aprender.
Não havia lista de presença, notas, castigos, repreensões.
Para o mestre, ao conhecer a liberdade, o aluno desenvolveria
sua personalidade, sendo capaz de improvisações criativas
durante a sua vida. Ele percebeu que as crianças interessavam-se
pelas lendas contadas com arte, do que por simples narrativas
de fatos históricos. Por isso, foi chamado de “o pedagogo do universo”,
pelo imenso e admirável legado de histórias, fábulas que nos deixou,
com toda mestria. Devemos todos ler a cartilha de Liev Tolstoi.
Para saber mais sobre Regina Rousseau
05 junho 2011
Crônica do Xico Sá na Folha.com de ontem...Imperdível!!! E é sim rapazes, isso que queremos!
Lenhador selvagem, sem perder a fofura jamais
Xico Sá
Sexta-feira aqui é dia de modos de macho & modinhas de fêmea. Educação sentimental, etiqueta sexual, amorosa etc etc.
Levanta-te e anda, meu rapaz, chega de comodismo e vamos tentar decifrar os enigmas das moças. É chegada a hora.
Estamos a 20 mil léguas submarinas de saber pelo menos dez por cento do universo delas.
Mas se oriente rapaz, essa de ficar a vida toda amparado na moleta freudiana -ninguém sabe o que quer uma mulher- é comodismo de Macunaemo, como denominamos esses moços, porbres moços, que têm a preguiça de Macunaíma e o chororô de um emo.
Sabemos sim um pouquinho do que querem as mulheres. E com algum esforço podemos aprender, como em um supletivo amoroso, muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda. Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade. Só por esta causa já valeria a pena a existência. O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica pergunta, remixada outro dia por uma boa série televisiva.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos -e vontades avulsas- e antecipem essas realizações. Isso é o mais importante de tudo, meu jovem.
Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não agüentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho, ora bolas.
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores. Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres fofura, rock'n’roll...
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem que acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
Mais óbvio ainda: as mulheres não toleram que viremos de lado e já nos braços de Morpheu depois da saudável prática da conjunção carnal. As mulheres querem carinho e entusiasmo, embora saibam que o único animal que canta e se anima depois do gozo é o galo, esse tarado pernalta incorrigível, incomparável.
As mulheres querem... massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem... molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem... flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os feios, sujos e lascados não teriam nenhuma, nunca, jamé. Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do miserável. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção, amigo.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma jóia da Tiffany´s –vide “Bonequinha de Luxo”, o filme.
A lista continua... ao infinitum. Deixe também sua colaboração para o nosso breviário de entendimento das mulheres. Ajude o cronista a desvendar os lindos mistérios da cria das nossas costelas.
Afinal de contas, para que diabos estamos purgando sobre a terra?
Lenhador selvagem, sem perder a fofura jamais
Xico Sá
Sexta-feira aqui é dia de modos de macho & modinhas de fêmea. Educação sentimental, etiqueta sexual, amorosa etc etc.
Levanta-te e anda, meu rapaz, chega de comodismo e vamos tentar decifrar os enigmas das moças. É chegada a hora.
Estamos a 20 mil léguas submarinas de saber pelo menos dez por cento do universo delas.
Mas se oriente rapaz, essa de ficar a vida toda amparado na moleta freudiana -ninguém sabe o que quer uma mulher- é comodismo de Macunaemo, como denominamos esses moços, porbres moços, que têm a preguiça de Macunaíma e o chororô de um emo.
Sabemos sim um pouquinho do que querem as mulheres. E com algum esforço podemos aprender, como em um supletivo amoroso, muitos modos de agradá-las e cumprir parte da demanda. Elas merecem e este, afinal, é o grande desafio na terra de um homem de boa vontade. Só por esta causa já valeria a pena a existência. O que querem as mulheres? Entendemos a complexidade da clássica pergunta, remixada outro dia por uma boa série televisiva.
As mulheres querem que os homens adivinhem, sintam, farejem os seus desejos -e vontades avulsas- e antecipem essas realizações. Isso é o mais importante de tudo, meu jovem.
Bem-aventurados os que descobrem que elas estão a fim de uma viagem à montanha e levam-nas à montanha; bem-aventurados os que sabem que elas não agüentam mais aquele velho boteco sujo e levam-nas a um restaurante decente, dentro das posses, claro.
Bem-aventurados os que sabem que elas gostam de novidades e detestam quando os garçons nos dizem “o de sempre, amigo?” Essa confortável rotina é coisa de macho, ora bolas.
As nossas mulheres querem que tenhamos olhos só para elas. No que, aliás, foram contempladas biblicamente pelo décimo mandamento das tábuas da lei entregues por Deus a Moisés: não cobiçarás a mulher do próximo.
As mulheres querem que alternemos momentos de homens sensíveis e momentos de selvagens lenhadores. Pena é que costumamos inverter as coisas. Na gana da obediência e do agrado, somos lenhadores quando nos queriam sensíveis e vice-versa. Comédia de erros. Onde queres fofura, rock'n’roll...
As mulheres querem que reparemos no novo corte de cabelo, mesmo que a alteração tenha sido mínima, tipo só uma aparada nas pontas. O radar capilar tem que acender a luzinha, sem falha, na hora, se liga! Se for luzes, entonces, cruzes!!!
Mais óbvio ainda: as mulheres não toleram que viremos de lado e já nos braços de Morpheu depois da saudável prática da conjunção carnal. As mulheres querem carinho e entusiasmo, embora saibam que o único animal que canta e se anima depois do gozo é o galo, esse tarado pernalta incorrigível, incomparável.
As mulheres querem... massagem. Muita massagem. Primeiro nas costas, depois nos pés e sempre no ego.
As mulheres querem... molhinhos agridoces. Como elas se lambuzam lindamente!
As mulheres querem... flores e presentes. Não caia, jovem mancebo, nesse conto de que mulher gosta é de dinheiro. Se assim o fosse, amigo, os feios, sujos e lascados não teriam nenhuma, nunca, jamé. Repare que até debaixo do viaduto está lá a brava fêmea na companhia do miserável. Ela e o cachorrinho magro, só o couro, o osso e a fidelidade. O que vale é a devoção, amigo.
Mesmo que você seja mais liso que os mussuns do brejo, pobre de marre-marré, pode muito bem presentear uma bijuteria com a dramaturgia de uma jóia da Tiffany´s –vide “Bonequinha de Luxo”, o filme.
A lista continua... ao infinitum. Deixe também sua colaboração para o nosso breviário de entendimento das mulheres. Ajude o cronista a desvendar os lindos mistérios da cria das nossas costelas.
Afinal de contas, para que diabos estamos purgando sobre a terra?
minimamente feliz
Conheci a Leila Ferreira, pessoa encantadora, de sorriso vasto, no sobe e desce dos andares da Marie Claire quando trabalhava na Editora Globo. Desde lá não larguei mais seus textos, e se tem uma coisa que ela sabe é a arte de ser leve e minimamente feliz!
A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro. Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias. 'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades. Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam. Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.
Leila Ferreira, jornalista
A felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar. Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro. Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um pôr-de-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias. 'Eu contabilizo tudo de bom que me aparece', sou adepta da felicidade homeopática. 'Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo.
Alguns crescem esperando a felicidade com maiúsculas e na primeira pessoa do plural: 'Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos Agora, se descobre que dá pra ser feliz no singular: 'Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem-estar indescritível'.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: 'Comigo mesma', respondeu. 'Adoro conversar com pessoas inteligentes'.
Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha 'dieta de felicidade' o uso moderadíssimo da palavra 'quando'. Aquela história de 'quando eu ganhar na Mega Sena', 'quando eu me casar', 'quando tiver filhos', 'quando meus filhos crescerem', 'quando eu tiver um emprego fabuloso' ou 'quando encontrar um homem que me mereça', tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a Camilla Parker-Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades. Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos. Que digam. Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.
Leila Ferreira, jornalista
Assinar:
Postagens (Atom)